Introdução
Tradicionalmente é conhecida como a oração do Mestre, mas, para sermos
franco, esta não é a oração do Mestre! É conhecida como tal e tornou-se
familiar para nós, mas a oração do Mestre ocorre no Getsémani, onde Jesus diz “…Agora,
pois, glorifica-me tu, ó Pai, junto de ti mesmo, com aquela glória que eu tinha
contigo antes que o mundo existisse…“
Na verdade Mateus capítulo 6 regista a oração dos discípulos. É a oração
que o Senhor ensinou os discípulos a fazerem. É uma oração que foi dada como
resposta ao pedido deles. No evangelho de Lucas (11) os discípulos pedem para serem
ensinados orar. Eles andavam com Cristo e Cristo era conhecido como Mestre ou
Rabi. Jesus era tão fluente e profundo nas escrituras.
Não adianta tentarmos reduzir as habilidades oratórias de Cristo porque a
própria bíblia indica que nunca alguém havia falado como Cristo falou. Cristo
poderá não ter o nosso estilo quando pregamos, ensinamos ou oramos, mas precisamos
entender que sempre que alguém prega, ensina, ou ora efectivamente é pelo Seu
poder que tal aconteça da maneira que aconteça. A bíblia diz que quando Ele falava os ventos e
as ondas obedeciam a Sua voz. Ele arrastava a morte e lhe tirava o poder. Quando
Ele falava até demónios reconheciam a Sua voz. Ele falava para os elementos e
estes se moviam. Pela sua voz a figueira ficou amaldiçoada e secou de vez.
Apenas Cristo no caminho para Emaús (11 Km) poderia ensinar quem Ele foi,
usando todas as tipologias do antigo testamento sem falhar nenhuma. Sua
mensagem era tão profunda que os dois discípulos se sentiram reavivados e
pediram a Cristo que permanecesse com eles. E quando chegou em casa dos
discípulos a medida que partia o pão, os discípulos deram conta de que era Ele
e Cristo desapareceu! Tão poderosa como
era seus ensinamentos eram suas demonstrações.
Ele ensinava os
princípios do reino em parábolas, ensinava sobre escatologia, ensinava sobre a
consumação da nação de Israel, ensinava sobre conceitos e ideologia das coisas
que eram sombras no antigo testamento e Ele a realidade. Ele era mestre e era normal que surgisse
algum pedido para que Ele ensinasse. Eles viam Jesus ausentando-se nalguns
momentos para orar. E quando voltava da oração os discípulos notavam que quanto
mais Ele orava mais poderoso se tornava. E este poder era verificado muitas
vezes na operação de milagres. Então os discípulos começaram a fazer o que
comumente chamamos de Processo de Associação. Isto é “se quando Ele volta da
oração torna-se mais poderoso, então o poder não está nas realizações e sim nas
orações.” Eles talvez terão pensado que aquilo que Ele faz secretamente lhe torna
tão poderoso quando Ele age publicamente! E desta maneira pediram a Cristo que
os ensinasse a orar.
Este é um desejo que nunca teremos até que ficamos cansados de estar
envolvidos nas coisas naturais. Quando se começa a ter o desejo das coisas
sobrenaturais aí começa o interessa de dobrar os joelhos e endereçar súplicas à
Deus.
É quando se está cansado das ideologias dos homens e suas vãs imaginações,
quando nos preparamos para repreender as coisas com que guerreamos
constantemente e as colocamos nos seus devidos lugares, é neste momento que pegamos
no telefone, desligamos a tv, fechamos a porta e dizemos “Senhor…agora estou
pronto para orar”.
E Jesus começa a dizer primeiro o que não se deve fazer na oração. Na
qualidade de bom mestre Ele ensina (dos versos 5 ao 8) o que definitivamente
não se pode fazer nas orações:
1.
Não ore com hipocrisia. A hipocrisia é o ato de fingir ter
crenças, virtudes, ideias e sentimentos que a pessoa na verdade não as possui.
2.
Procure
ambiente que lhe aproximam mais de Deus e ao mesmo tempo mais distantes dos
homens. Porque Deus que ouve e vê em secreto recompensará abertamente.
3.
Não seja
como os gentios (descrentes).
Portanto oreis deste modo. Existe um modo, um modelo, uma forma pela qual
devemos nos dirigir a Deus. Não é
importante que o modelo seja repetido, mas que seja actualizado. Há
diferença entre aprender a forma de orar e aprender a recitar a oração. Quando nos apegarmos no último ponto (recitar
a oração) tornamos a mesma em vãs repetições.
Mateus 6:7 - E, orando, não useis de vãs repetições.
Em outras palavras, não venham a Mim citando as coisas que vocês
aprenderam. Nenhum ser pessoal aguenta ouvir todos os dias os mesmos pedidos.
Até que vivemos num mundo onde o que mais nos oferece é motivo para falarmos
com Deus coisas novas.
E também não é por muito falarmos que nossas orações são ouvidas. Nunca devemos orar com intuito de dar a
conhecer a Deus de nossos problemas, nossas bênçãos ou nossas dificuldades. Ele
é omnisciente.
Agora vou dar uma pausa em Mateus 6 para explicar algo muito importante
registado em Marcos 11:22-24 com enfase nas palavras (Tende fé em Deus; E não duvidar em seu coração; assim lhe será
feito). “Respondeu-lhes Jesus: Tende fé em Deus. Em verdade vos digo que qualquer
que disser a este monte: ergue-te e lança-te no mar; e não duvidar em seu coração, mas
crer que se fará aquilo que diz, assim lhe será feito. Por isso vos digo que
tudo o que pedirdes em oração, crede que o recebereis, e tê-lo-eis.”
Tende fé em Deus: deixa-me dizer algo em relação a oração. Quando
já estamos habituados a orar, muitas vezes poderemos não estar nos bons momentos.
Precisamos entender que apesar de não estarmos emocionalmente nos melhores
momentos, nada do que estiver a acontecer servirá de barreira porque para
oração. Apenas devemos ter fé em Deus! Quer seja nos bons ou maus momentos.
Pai nosso que está nos
céus
Sendo Deus nosso Pai, tem de ser uma pessoa.
Deveríamos ter a sensação de que quando oramos, estamos a falar com uma
pessoa. Não uma força universal, não para uma energia, não para nos antepassados,
... Que sejamos específicos sobre a quem estamos dirigindo nossas preces. Este
é o primeiro requisito, saber com quem iremos falar. Entenda quem Deus é para
si. Cristo nos ensina a nos endereçarmos
a Deus de acordo com o nosso relacionamento. Na oração não falamos com
nosso juiz, não falamos com nosso advogado, não falamos com nosso sacerdote,
mas, falamos com nosso Pai. Nos achegamos a Ele usando o nome da família. Nos
aproximamos a Deus com base no que Ele é, e no que Ele é para nós. Isto não
apenas O identifica, mas mostra o que também nós somos para Ele. Pai e filhos.
Sendo filhos temos acesso directo à Ele de uma forma bastante diferente de um
visitante. É isto que se deve saber ao orarmos. Devemos saber que somos filhos
do reino. Não falamos com Deus como servos, mas como filhos. Não nos dobramos à Deus como simples
cidadãos diante do Soberano. Se é fácil para um pai negar o pedido de um filho,
temos a garantia (confiança) de que ainda mais fácil, para um pai aceitar o
pedido do seu filho.
Não nos dobramos diante de Deus com base nas nossas condições, mas com base
na nossa posição – Ele é nosso Pai e nós seus filhos. Nosso estado emocional não determina a nossa posição diante de Deus.
Ele é nosso Pai! E na qualidade de filhos nos tornamos herdeiros por padrão das
coisas do Pai. E se Dele é o céu, a terra, o mar e tudo que nele existe, temos a
segurança de que enquanto não formos pródigos, tudo que é Dele é nosso.
É importante notar o nosso depois de Pai
porque faz toda diferença. Ao dizer Pai, eu tenho braço direccionado para cima.
Mas ao dizer nosso (ao invés de meu), não há como não ter os braços aberto. É o
cruzamento da vertical e a horizontal – cruz. Isto é ter uma vida crucificada
em Deus por intermédio de Cristo. Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a
vida que agora vivo na
carne, vivo-a pela fé do Filho
de Deus…
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